História marcada por violência
A história de Tâmara começa em Caruaru, com quatro filhos e vítima diária da violência doméstica. Quando resolveu dar um basta na situação, fugiu com os filhos para João Pessoa, quando começou a trabalhar para o primo de Marconi. “Depois de um tempo, Marconi veio para João Pessoa tirar férias e visitar o filho. Foi então que eles se conheceram”, disse Sara. Tâmara trabalhava como doméstica e Marconi na concessionária do filho. Com o tempo, passou a trabalhar na mesma concessionária como vendedora e, em seguida, como gerente, sendo o braço direito do filho de Marconi.Com as dificuldades financeiras que Tâmara passava, Marconi acabou sendo um apoio. Comprou geladeira, fogão e ajudou em várias situações. Os anos se passaram, se conheceram melhor e começaram o relacionamento. Em seguida, nasceu o filho dos dois, hoje com dez anos.“Antes de acontecer, eu nunca tinha reparado no que estava acontecendo diariamente. Após o acontecido, foi que eu vi o que estava se passando”, revela Sara. Marconi já havia tentado matar Tâmara outra vez. E esse teria sido justamente o motivo da separação. No dia que esse momento aconteceu, Tâmara ligou para Sara chorando, desesperada. Ela disse que estava trancada em casa, com medo do que Marconi pudesse fazer com o filho deles, de apenas dez anos. Sara estava grávida nessa época, dois meses antes da morte da mãe.
Os casos de ciúmes eram frequentes. Os dois estavam em casa quando Tâmara recebeu um telefonema de um cliente. “Ele surtou”, conta Sara. Foi até o quarto e procurou a arma. Quando encontrou, apontou o revólver para Tâmara. Nesse momento, o filho se jogou na frente da mãe pedindo para o pai matar ele, mas deixar a mãe dele viva.
Com o tumulto de vizinhos e familiares que começaram a chegar, Marconi foi embora da casa. Mas depois voltou e não queria sair mais para que Tâmara pudesse pegar suas roupas e ir embora de vez, porque acreditava que os dois pudessem reatar o relacionamento. Já separados, por muito tempo, Marconi a seguia.
Na noite anterior ao crime, Marconi foi até a casa do namorado de Sara. “Só falava dela (Tâmara). Disse que era a última vez que ia tentar voltar com minha mãe. Era incrível como ele reagia. Era como se ele estivesse aéreo”, lembra Sara.
'Um vazio que não cabe no peito'
Depois de mais de nove meses, a visão de Sara sobre os relacionamentos mudou. “Nunca concordei em ela preservar esse relacionamento abusivo. Ele era doente de ciúmes. Arranhava o carro dos clientes, ficava olhando ela no escritório pelas câmeras”, conta.
Hoje, o que sente, é “um vazio que não cabe no peito, uma dor incomparável”, desabafa. “Se não fosse minha filha, meu mundo estaria acabado, porque minha vontade é de morrer. Todos os dias quando acordo penso o quanto ela foi boa para nós, o quanto ela se dedicou para dar o melhor”, desabafa emocionada.
A dor não foi embora. Mas Sara passou a entender. “Porque assim como minha mãe, outras mulheres se submetem a passar por isso, ‘por amor’, ‘por filhos’, ‘por família’, e esquecem que o que importa é sua vida emocional. As mulheres podem tudo que quiser, elas não precisam de um homem para viver. E elas precisam, sim, denunciar. Eu imagino que se da primeira vez que ele tentou matar, ela tivesse denunciado, talvez teria evitado (a morte)”, conta.
No dia 15 de abril de 2019, um homem também matou a esposa e depois cometeu suicídio, em um motel na BR-104, entre a saída de Campina Grande e a cidade de Queimadas, no Agreste paraibano. Ele mandou mensagens no WhatsApp para o irmão informando que matou a mulher e que iria se matar em seguida com um revólver.Para a polícia, Aderlon planejou a morte de Dayse Ariceia da Silva Alves, de 40 anos. Ainda de acordo com a polícia, o casal - que tinha duas filhas, uma de 8 anos e outra de 17 - estava separado há 9 dias. Mas, segundo a família, Dayse e Aderlon já não viviam na mesma casa há cerca de um ano, quando o homem decidiu ir morar na casa da mãe dele.
FONTE:https://g1.globo.com