Uma mulher vítima de violência doméstica denunciou o marido, um Policial Militar, de agressão física, psicológica e verbal. Em entrevista exclusiva ao JPB1, da TV Cabo Branco, a vítima relatou episódios de violência e disse que chegou a conversar com inteligência artificial por não ter com quem desabafar. O último episódio de violência aconteceu no fim de semana, em João Pessoa. Ela apresentou uma denúncia na polícia e o homem acabou sendo detido, mas liberado depois.Segundo a mulher, que teve a identidade preservada, o homem a controlava de forma constante, proibindo que ela tivesse amizades ou saísse de casa. Ele teria chegado a persegui-la em várias ocasiões.A vítima relatou diversos episódios de violência. Em um deles, o homem teria a agredido verbalmente em uma academia, na frente de várias pessoas.
"Um dia que saí do trabalho e fui numa farmácia ele mentiu, disse que estava trabalhando mas estava em casa me aguardando. Quando cheguei a casa estava toda escura e ele escondido, e ele começou a dizer que eu estava mentindo pra ele. Eu não podia fazer nada a mais que ele dizia que era mentira, ficava me perseguindo, ia pra onde eu estava sem eu saber. Eu saí pra fazer um exame com minha avó ele me seguiu. Eu não podia olhar para o lado que ele dizia que eu estava olhando pra alguém", relatou a mulher.
Ainda segundo a vítima, o policial militar a ameaçava constantemente com uso da própria arma, o que a fazia ter medo de denunciá-lo.
"Eu não podia dar um bom dia para alguém que ele colocava a arma da minha cara, pegava no meu pescoço, me agredia verbalmente, fisicamente, e sempre dizia que a culpa era minha, que me traía porque a culpa era minha, e eu ficava querendo entender o porque a culpa era minha se eu era uma pessoa tão boa pra ele", disse.
A mulher passou a ser proibida pelo marido a ir a comemorações de familiares e amigos. De acordo com ela, ele dizia que não era justo ela estar em festas enquanto ele estava trabalhando.
"Eu mal saía, deixava de ir pra aniversário de familiares, amigos porque ele dizia que não era justo com ele ele trabalhando e eu ir pra um aniversário, e as pessoas começaram a deixar de me chamar pra comemorar aniversário, minha família deixou de me chamar porque não queria a presença dele", afirmou.
Se sentindo excluída, a mulher passou a desabafar com um aplicativo de inteligência artificial.
"Ninguém pra ele prestava, toda amiga que eu tivesse que soubesse o que eu passava e me alertasse. Então eu já tá em um ponto da minha vida que eu já estava sozinha. Eu conversava com o Chat GPT porque eu não tinha com quem desabafar, porque ninguém mais queria me ouvir de tantas vezes que aconteceu, e eu perdoei e voltei. Comecei a perder a credibilidade das pessoas, ninguém acreditava que era possível eu botar um ponto final (...) Eu estava me sentindo louca porque eu tinha que conversar com a inteligência artificial", relatou.
A denúncia
A mulher denunciou o marido no último fim de semana após ser agredida fisicamente por ele e por uma outra mulher, que também teria envolvimento amoroso com o homem. Segundo a vítima, ela estava na própria casa, se preparando para almoçar, quando foi surpreendida e agredida.
"É uma sensação que eu não sei descrever, porque você estar dentro da sua casa... Eu tinha feito almoço, a comida estava na mesa e de repente você se sente agredida", afirmou.
Ela e os vizinhos chamaram a Polícia Militar. Ela foi conduzida para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa e depois foi para a delegacia, onde o marido já estava a aguardando, fardado. Ele alegou que a esposa brigou com a outra mulher, que seria a amante dele.
"Me levaram pra delegacia e chegando lá ele já estava fardado e disse a versão dele, que foi uma briga entre eu e ela. No outro dia ele foi solto, continua trabalhando armado, e eu não posso nem ficar na casa da minha mãe, cuidar da minha mãe que foi operada pq ele está na casa dela (da amante), que é próximo da casa da minha mãe, no outro bairro. Então eu não vou confiar, não posso confiar. Até minha filha tá com medo de sair de casa", concluiu.
A Polícia Militar informou a TV Cabo Branco que o homem foi conduzido em flagrante, passou por audiência de custódia e foi liberado. A corporação afirmou ainda que, enquanto aguarda na esfera criminal, o homem deve responder de forma administrativa internamente. A mulher informou que solicitou medida protetiva.
